Refracções: Poema da Folha

sábado, 3 de julho de 2010

Poema da Folha

Sem uma
das suas metades
não é completa.

Pousada em muros
esquecidos pelo tempo.

Submergida na lama
do rasto do pneu.

Resguardada no sossego
do canto de uma velha porta.

Afastada pela violência
de uma bota apressada.

Atirada pela vassoura
para o meio da rua.

Deitada contra o vidro
de uma janela fechada.

Desfeita pelos dedos
meticulosos e cansados.

Dançando suavemente
na brisa da tarde.

Nadando na água tépida
do riacho.

Aniquilada pelos dentes
sôfregos e implacáveis.

Aí jaz a folha.

Aí, jazem as folhas.



A folha, tal como qualquer remanescência de vida, encontra-se dançando na existência.

Jeust


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