Refracções: maio 2009

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Lágrimas

Uma,
outra

e outra.


Nascem sentidas,
escorrem pela face
e caem desarmadas

no chão.

Pequenas,
insignificantes

e dolorosas,
como as penas que carregam.

Cada sentimento
em água bordejado
conta a sua desdita.

As aventuras
e desventuras
do resto que sobreviveu.


São lágrimas...
gotículas de água
deslizando a contragosto
pela face de quem sofre
a sua mágoa incontida.

Por um motivo ou por outro, toda a gente chora, toda a gente sofre.

Pelo mais altruísta dos motivos, ou pelo mais egoista dos sentidos.


Mas a lágrima aflora, escorre e cai no mesmo solo nu e desarmado.

Uma após outra... e outra... e outra...

Até o cansaço se apoderar, o fluxo secar e os olhos se fecharem.

Ou até o coração bater mais forte, e a tristeza ser atirada para trás do capote.

Mas... apesar de toda a variação, há uma constante...

A lágrima que cai.


Jeust

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mar...

No silêncio
da noite escura,
fecho os olhos
e ouço o mar...

Ouço as suas águas vítreas,
de um rebordo esbranquiçado,
arrastando pedrinhas e réstias de conchas
ligeiro na sua passagem.

Pressinto a areia molhada
recortada em ondas desiguais,
macia e purosa,
doce ao tacto.

Talvez seja o silvo
de uma praia infinita,
em constante mutação...

Talvez alguma voz incompreendida
gritando para ser ouvida...

Talvez...

Ouço-a,
Ouço-a todas as noites...



Há tanto mistério resolvido pela ciência, que, para lá de toda a descritiva clarificação, se conserva desconhecido.

Pequenos pedaços de realidade, que ultrapassam o conhecimento esquadrinhado e medido, e se encerram na escuridão.

Terreno de visões e de loucuras, perigoso para gente normal, onde cada passo é incerto e perigoso.

Lá estão tesouros que só a alma pode contemplar.