Refracções: Azanagi e Azanami

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Azanagi e Azanami

Dois filhos do céu, a oriente nascidos, sob o toldo das estrelas e sobre manto da solidão, envoltos em sensibilidade.

Descendentes dos mesmos sonhos, irmãos, e personagens de tragédia, cumprindo o desejo invocado, trazendo a luz a um mundo escuro.

De filhos, a irmãos, de irmãos a pais de uma nação. Criadores de terra, apartir da água, e vida apartir do pó.

Mas dentro do tempo tudo passa, e o pouco que fica se escapa, e assim a morte apartou Azanami de Azanagi.

O deus solitário, só na sua presença e mágoa, jurou romper com as linhas do esboço dirigido do destino, e trazer à vida o que a morte lhe tinha roubado.

Decidido desceu pelo submundo, cada vez mais negro e assustador, em busca de seu amor, procurou e procurou até que o encontrou. Falou-lhe de sua dor, da sua solidão, contou-lhe o egoísmo que a implorava para si.

Azanami, ouvindo o seu coração bater, pela primeira vez desde que morreu para o mundo dos vivos, pediu a Azanagi para esperar, enquanto rogava pela sua forma à ordem que a acorrentava naquele lugar.

Comovido pelo amor dos dois, o destino nada podia argumentar, e deixou a alma ascender à superfície, enquanto o seu corpo regressava da morte.

Azanami conhecendo a natureza mundana de Azanagi, rogou para não a olhar até à luz do sol os cobrisse aos dois.

Ele assentiu ao pedido invulgar, ébrio de alegria, até que a luz entrecortada se assumiu na distância, quando a curiosidade foi mais forte que o seu voto, e olhou para a sua consorte, regresssando da morte, e o amor gelou. Assustado pela visão que os seus olhos lhe davam a ver, fugiu aterrado.

Azanami, destroçada e furiosa, correu atrás de Azanagi para o matar, antes de se escapar das trevas, mas o destino assim não o deixou.

Sem razão de viver, ferida e magoada, Azanami deixou-se ficar só na escuridão, jurando ao outrora seu amor, matar mil dos seus descendentes em cada novo dia, ao qual o deus retorquiu que faria nascer outros mil e quinhentos.

Assim a Morte permeia toda a criação, escolhendo indistintamente os mortos entre os vivos, perpetuando pelos tempos a vingança de um amor.




Dedicado a ti Frankie, na côr que tu tanto adoras, com os votos de que melhores rápidamente, e o teu aniversário seja um dia de mais alegria do que de tristeza. Um momento que abarque nas tuas lágrimas salgadas a alegria do amor.

Jeust

1 comentário:

Frankie disse...

Orbigada, meu querido.

Só tu, mesmo.
É belo.