e sombras trémulas,
o presente foge...
o coração aperta
e a realidade sufoca.
Ser...
assumir uma ideia,
na falência de outra,
escolher um passadiço
para o sonho...
ou pelo menos para longe,
longe da tempestade fremente
de um purgatório pessoal.
Lutar por valores
estrangeiros e desconhecidos,
por posses que não as minhas,
por poder e presunção
que tamanha satisfação!
Vestindo trajes emprestados
com a satisfação de não ser...
o despido,
mas também o trajado,
apenas a escuridão oculta.
Rumar na vida
na direcção da dor?
ou do prazer?
da vontade
ou da satisfação?
Lutar por que sonho?
Se o sonho
é a diversão da alma,
presente,
mas não futura...
A noite mas não o dia.
Qual o designío
mais verdadeiro de todos?
A liberdade
da escravidão quotidiana?
A renúncia ao sonho gritado
e o abraço ao asceta?
Qual?
Se de parcialidades se vive,
se sentem...
aquecem e sossegam o corpo,
inquietam o coração e alma,
cómodamente...
E momentos mastigamos
repetida e continuamente,
passando...
passando o tempo,
esperando o que vem.
Provando frutos
doces e amargos,
mas sempre impotentes,
sempre incapazes
de nos saciar...
Somos o efémero
e vivemos para a brevidade,
para o perene e perecido,
ainda mais frágil
mais descarnado
que a curta caminhada.
Viciados no seu próprio jogo
de sombras e seguranças,
de ilusões e esperanças,
murmurando a morte
na face da existência tributada.
Meros soldados de chumbo
presos a uma guerra tribal,
de anciãos e feiticeiros,
de pedras filosofais
e de armaduras encantadas.
Somos a encarnação
do nosso anseio,
sussurado no berço
acalentado no passo,
idolatrado na palavra.
Somos...
mas o que somos?
Um grão de areia
na praia da existência,
esquecido,
ora encontrado
ora perdido.
Por vezes o primeiro,
por vezes o último,
sempre tacteando
entre iguais
desiguais...
Carregando as cadeias
da existência
da nossa
da vossa
da deles,
continuamente...
protegendo,
destruindo
ideais...
Assim somos...
Mas não poderemos ser mais?
Talvez...
Nolens,
volens.
31-01-2007
Eis um pequeno extracto da minha vida... e das minhas dúvidas, das minhas crenças, bem como das minhas descrenças.
Mais que um registo diário ou temporal, é um registo intemporal dos movimentos da alma - os seus turbilhões e turbas exaltadas, a sua fremência bem como a sua morte - é uma imagem de vida.
Sem rostos nem máscaras, apenas as pulsões, as sensações, as emoções, as descobertas que esforçam os músculos...
A comoção de contornos esbatidos.
Espero que tenhas gostado...
Beijinhos e abraços,
Jeust