Como nem só de arte se faz a vida de uma pessoa, especialmente uma razoávelmente complexa, fica aqui uma diabrura da minha autoria guardada para a posteridade...:p
Nus ou trajados, em alvoroço ou relaxados, únicos em sua beleza feita de momento e vida.
Marionetas, manejadas hábilmente pela alma que sente, vivem e tremem com os fulgores diários de uma existência ordinária.
Nascidos num vértice de amor e de dor, brotados da terra quente, macia e fremente de sonhos e desilusões reais e mortíferos.
Medram pelas fendas, pelos estilhaços da vontade em desejo e emoção, criados e recriados numa dança contínua de esperança e utopia.
Emanam vivazes a presença do etéreo, reflectido em caras de múltiplas expressões, em corpos de múltiplas sensações.
São o rosto de seres complexos, feitos de eternidade e temporalidade esbatidas em correntes contínuas e agitadas do tempo silencioso.
17-11-2007
Assim são os nossos corpos, que nos dão forma e cor... que nos carregam durante uma vida inteira para ceder num momento de cansaço.
Mágicos na sua elasticidade e na sua expressividade viva, que permeiam toda a nossa acção, toda a nossa criação, assim como a destruição que invocamos.
Somos a alma que nos move mas também o corpo que nos acolhe... Que nos empresta o rosto que mostramos ao mundo e se esconde.
Este poema fala das escolhas, que por vezes nos tornam na geratriz da acção, outras um mero ponto do seu segmento.
A vida depende delas e à sua volta gira incessantemente.
Não é meiga nem é dura, apenas o que conjuntamente decidimos criar.
Mesmo inconscientemente o mundo que nos rodeia é o que desenhamos, não sós, num acto lúcido ou meramente alucinado, mas juntos... numa multitude de tons e de imagens.
Inventemos e lutemos pelo que queremos, só assim o mundo mudará da forma que o desejamos...
Invês de continuar a mesma amálgama confusa de tons, de vontades e desejos, sem direcção, objectivo ou base.
Ser quem somos sem nunca o ser, lutar pelo que queremos sem nunca o professar.
Corremos com o tempo, do finito ao infinito, existindo submisso ás suas cadeias.
Encerrados no destino tecido por Parcas, escravas de um deus infeliz, presas na amargura destilada nos corredores da sua alma.
Caminhar... sem um príncipio nem um fim, acorrentados à limitação, à fragilidade do caminhante, e à sua desdita.
Para quê? Porquê?
O vazio mudo nada diz...
E assim, sem respostas, nascendo, sofrendo, amando, morrrendo, vamos vivendo... no mero deslumbre da ventura.
08/11/2007
E assim vivemos vidas por nós personificadas, mas não por nós escolhidas...
Somos o produto do nosso esforço e do tempo em alvoroço. Não somos quem quisermos, mas quem podemos ser. Somos as nossas limitações assim como as nossas virtudes e os nossos defeitos. Um aglomerado de massa e espírito, de múltiplas vontades e um só gesto, ressoando no infinito.
Somos seres... incompletos e singulares, cada um com uma melodia própria, que toca enquanto o pano está levantado.
Somos a graça e o horrível, o heroí e o vilão, na nossa desgraçada e na nossa fortuna.
Somos o papel que representamos...
Somos o que somos... na vida que nos é dada.
Somos...
E assim termina o meu primeiro post, que queria mais alegre... Mas a vida não é alegre, não é?
Tem os seus bons momentos... a sua felicidade jorrada em cântaros, mas perdida no solo verdejante.